CONCEITO
LERDORT é uma síndrome que se manifesta como dores
osteomusculares, associadas ou não a outros sintomas, sendo relacionada a
alguns fatores de risco relacionados ao trabalho, bem como fatores extra
laborais. É necessário haver a conjunção de vários fatores de risco num
determinado grau de gravidade, associados aos fatores individuais, entre eles:
atividades repetitivas, posturas inadequadas por tempo prolongado em ambientes
impróprios e pouco tempo de recuperação, bem como fatores psicológicos e
sociais (entre eles os familiares). Afeta mais freqüentemente, os membros
superiores (dedos, mãos, punhos, antebraços, braços, ombro), coluna
e membros inferiores (principalmente joelho e tornozelo).
COMO
SE DESENVOLVE A LERDORT?
Instala-se gradativamente comprometendo músculos,
tendões, sinóvias (revestimento das articulações), nervos, fáscias
(envoltório dos músculos) e ligamentos, de forma isolada ou
combinada. Por conta disso, seus sintomas se apresentam de forma
diversa e não são restritos ao sistema osteomuscular, podendo causar
incapacidade temporária ou permanente.
No entanto, nem todo indivíduo exposto ao mesmo fator de
risco, no mesmo ambiente de trabalho vai desenvolver LERDORT. A interação do
corpo humano com os fatores de risco pode ter uma adaptação positiva,
suportando outras exposições subseqüentes, ou uma adaptação negativa,
favorecendo o surgimento de doença, em graus variados.
Assim como um mesmo fator pode ter vários papéis em
circunstâncias diferentes, a resposta do corpo pode ser influenciada por vários
fatores mecânicos, fisiológicos e psicológicos, internos e externos. A
interferência destes fatores de risco no processo de remodelamento dos
diferentes tecidos favorece o desenvolvimento de LERDORT.
Biomecanicamente existem dois mecanismos de lesão:
· O trauma agudo (causado pela sobrecarga acima
da tolerância do tecido), que caracteriza um acidente de trabalho, mas pode
evoluir para cronificação.
· O trauma cumulativo (exposição crônica a
carga submáxima repetitivamente).
LERDORT
EPIDEMIOLOGIA
LERDORT constitui grande problema de saúde pública nos
países industrializados, devido aos processos de transformações do trabalho.
Pelo aumento significativo dos casos de LERDORT nos últimos 15 anos é
classificada por alguns autores como uma epidemia. Vários países viveram
esta epidemia, dentre eles, a Inglaterra, os países escandinavos, o Japão, os
Estados Unidos, a Austrália e o Brasil. A partir da década de 80, houve um
aumento na incidência de distúrbios musculoesqueléticos no Brasil, segundo
dados do INSS a LERDORT é a primeira causa mais frequente de afastamento do
trabalho. Salienta-se que estes dados excluem os trabalhadores informais que
são cerca de 50%. Conforme os dados do INSS, a maioria dos casos com diagnóstico
de LERDORT é em jovens e mulheres, em atividades com maior esforço e
repetitividade, dos mais diversos ramos de atuação.
Em relação aos motivos de afastamentos do trabalho são
mais frequentes as queixas lombares e em segundo lugar ombro, coluna cervical e
dorsal.
Observa-se maior prevalência de LERDORT em pessoas com
baixa escolaridade e menor renda. Percentuais mais elevados de afastamento
encontram-se nas categorias abaixo do nível médio de formação educacional,
enquanto os grupos mais qualificados, com nível superior, têm menores índices
de absenteísmo.