terça-feira, 3 de dezembro de 2013

PREVENÇÃO


Para a adequada promoção de saúde, são importantes, além das ações diretamente relacionadas às intervenções médicas, fatores comportamentais, ambiente sócio-econômico, influências culturais, relacionamentos interpessoais e as referências históricas. Ao conjunto disso tudo, convencionou-se chamar de estilo de vida. (Candeias, abril, 1997) As principais ações de prevenção e controle das doenças ocupacionais propostas pelo Ministério da Saúde levam em conta a possibilidade da promoção da saúde no ambientes de trabalho, determinando as condições de risco, a caracterização e a quantificação destes. Deve, portanto abranger o trabalhador, a empresa, os órgãos públicos, o mercado informal e as instituições de ensino. (Picoloto e Silveira, 2008; Santos, Bredemeier et al., 2011)
As doenças relacionadas ao trabalho podem ser causadas pelo processo de produção e pela organização do trabalho (Santos e Mattos, 2010). Os fatores de risco ambientais são relacionados às circunstâncias sociais, políticas, econômicas, organizacionais e reguladoras, relacionadas ao comportamento humano e àquelas forças da dinâmica social. Neste âmbito, a engenharia do meio ambiente se direciona a proteção em saúde e a administração no ambiente médico aos serviços de prevenção para a saúde. (Candeias, abril, 1997) No entanto, como a maioria dos ambientes de trabalho são inadequados, as empresas pagam adicionais de insalubridade e periculosidade aos funcionários e investem em equipamentos de proteção individual. No entanto, a prevenção mais eficaz são as medidas de proteção coletiva e adequação do ambiente de trabalho. (Verthein e Minayo-Gomez, 2000) Ainda mais quando se considerada a dificuldade de se chegar a um diagnóstico e confirmar a relação da doença com o trabalho, o melhor tratamento é a prevenção, (Santos, 2009)
A prevenção tem baixo custo, sobretudo quando comparada com os alto custos dos exames diagnósticos e da assistência médica, bem como do presenteísmo ( trabalhador presente no trabalho porém com produtividade reduzida ). É necessário que as instituições de ensino e pesquisa demonstrem esta relação custo-benefício. As medidas preventivas devem ser associadas às políticas públicas e privadas para alcançar abrangência e efetividade na redução de casos novos. (Santos, 2009)

PREVENÇÃO
As medidas de prevenção focadas no trabalhador, individualmente, tentando aumentar sua capacidade de lidar com situações externas adversas é reconhecidamente, pouco efetiva. Deve ser, portanto, complementar. (Inss, 2003; Azambuja e Viana, 2006) Observa-se que melhores resultados são obtidos quando são identificados qual dos fatores de risco atua a maior parte do tempo na maior parte dos trabalhadores e as ações são direcionadas a eles, bem como a forma de execução das tarefas. (Inss, 2003; Azambuja e Viana, 2006) .
É importante quantificar o grau de exposição aos fatores de risco ergonômicos (duração, intensidade e freqüência). Pesquisas tentam identificar o número de movimentos que o trabalhador pode fazer por minuto sem o risco de sobrecarga, considerando ainda a pausa como fator de recuperação. (Azambuja e Viana, 2006) Estas estratégias de prevenção individual devem ser elaboradas a partir da analise integrada da equipe técnica e dos trabalhadores, considerando o saber de ambos os lados. (Inss, 2003) A idéia é estabelecer os critérios de exposição máxima a qual a maioria dos trabalhadores possa ser exposta sem desenvolver lesões, e baseado nisso, iniciar modificações ergonômicas no trabalho. (Azambuja e Viana, 2006) Há parâmetros estabelecidos pela norma regulamentadora (NR 17) para auxiliar a adaptação das condições de trabalho (a norma refere-se às normas de produção, exigência de tempo, determinação do conteúdo do tempo e ritmo de trabalho e conteúdo das tarefas. No item 17.6.3. da NR 17, para as atividades que exijam sobrecarga muscular estática ou dinâmica do pescoço, ombros, dorso e membros superiores e inferiores, e a partir da análise ergonômica do trabalho, estabelece inclusão de pausas para descanso. Para as atividades de processamento de dados, estabelece número máximo de toques reais por hora trabalhada, o limite máximo de cinco horas por jornada para o efetivo trabalho de entrada de dados, pausas de dez minutos para cada cinqüenta minutos trabalhados e retorno gradativo à exigência de produção em relação ao número de toques nos casos de afastamento do trabalho por quinze dias ou mais) (Inss, 2003)

PREVENÇÃO PRIMÁRIA ORGANIZACIONAL
Atualmente, muitas empresas utilizam estratégias de racionalização para sua gestão. De uma forma geral, estas estratégias têm grande risco de ter influência negativa em relação às doenças relacionadas ao trabalho, tanto mentais quanto músculo esqueléticas. (Westgaard e Winkel, 2011) Em geral, as empresas que tinham gestões com transparências, idéias claras, diálogo e preocupação com trabalhadores e suporte organizacional tiveram influência positiva em relação a saúde do trabalhador. Sobretudo quando houve participação ativa do trabalhador nas decisões relacionadas ao processo de trabalho. A presença do supervisor foi avaliada como negativa, sugerida a descentralização das decisões, a autonomia do grupo e desenvolvimento de suporte social, com valorização dos aspectos sociais e culturais da região. (Westgaard e Winkel, 2011)

GINÁSTICA LABORAL
A ginástica laboral é um dos programas implementados pelas empresas vinculado à visão de melhor qualidade de vida, sendo direcionada para os empregados e empregadores. Do ponto de vista dos funcionários, é direcionada para amenizar os efeitos do mau uso da tecnologia, melhorar a postura e os movimentos executados durante o trabalho, e conseqüentemente, o aumento da resistência à fadiga central e periférica, promoção do bem estar geral, combate ao sedentarismo e diminuição do estresse relacionado ao trabalho. (Mendes e Leite, 2004) .
Para as empresas, os objetivos da ginástica laboral seriam a redução de acidentes, do absenteísmo e da rotatividade, melhora da qualidade total bem como prevenção e reabilitação das LERDORT. (Mendes e Leite, 2004) É considerada um recurso eficaz na prevenção de doenças relacionadas ao trabalho, promoção de saúde e melhora da qualidade de vida do trabalhador. (Sampaio, 2008) Observam-se ainda efeitos na prevenção de LERDORT, com resultados mais rápidos e diretos, melhora o relacionamento interpessoal e alivia as dores corporais. (Oliveira, 2006; Sampaio, 2008) Deve ser incluída de forma regular no expediente de trabalho, com freqüência diária, haja vista que são necessários períodos mais longos para promover efetivamente as adaptações musculares. A associação da Ginástica Laboral com abordagens ergonômicas também potencializa os resultados. (Mendes e Leite, 2004)
Evidências confirmam redução dos casos de LERDORT e alívio das dores, bem como mudança de estilo de vida, no período compreendido entre três meses a um ano após implantação da ginástica laboral, traduzidos em redução dos custos com assistência médica, melhora da ergonomia, diminuição das faltas e aumento da produtividade. (Sampaio, 2008) As pausas ativas da ginástica laboral aumentam a execução de tarefas. (Mendes e Leite, 2004)
A ginástica laboral é classificada de diversas maneiras. Podemos organizá-las em: preparatória, compensatória, de relaxamento e corretiva. (Sampaio, 2008)

Ginástica laboral preparatória: exercícios realizados antes da jornada de trabalho para preparar o indivíduo para iniciar o processo de trabalho, podendo ser direcionada aos grupos musculares solicitados. Inclui exercícios de coordenação, equilíbrio, concentração, flexibilidade e resistência muscular. (Maciel, 2005; Oliveira, 2006; Sampaio, 2008)

Ginástica compensatória: São praticados durante ou após o expediente, com duração de 5 a 10 minutos. Seu objetivo é aliviar as tensões musculares decorrente do uso excessivo ou inadequado das estruturas músculo-esquelética e melhorar a circulação. São sugeridos exercícios de alongamento e flexibilidade, respiratórios e posturais. (Maciel, 2005; Sampaio, 2008)

Ginástica laboral de relaxamento: são exercícios aplicados ao fim do expediente, com duração de 10 a 12 minutos, visando o relaxamento muscular e mental, redução de estresse e alívio de tensão. São realizados auto-massagem, exercícios de alongamento, flexibilidade e meditação. Mais comumente indicados para trabalhos com excesso de carga horária ou em serviços de cunho intelectual. (Maciel, 2005; Oliveira, 2006; Sampaio, 2008)

Ainda podemos classificá-la quanto ao objetivo:
Ginástica de Compensação : exercícios desenvolvidos dentro do próprio setor ou ambiente de trabalho para evitar vícios posturais, fadiga, posturas extremas, estáticas ou unilaterais. São realizados movimentos simétricos de alongamento dentro do próprio setor ou ambiente de trabalho entre 5 a 10 minutos.

Ginástica laboral corretiva: atua tentando estabelecer o equilíbrio entre agonista e antagonismo muscular, fortalecendo os músculos fracos e alongando os músculos encurtados. Dura de 10 a 12 minutos. É usada para trabalhar grupos específicos dentro da empresa, em conjunto com a equipe de saúde (Maciel, 2005; Sampaio, 2008)

Ginástica Terapêuticaindicada para tratamento de distúrbios e patologias de funcionários avaliados previamente e separados por diagnóstico médico. Visa atuar em casos mais graves de lesões com limitações ergonômicas. É realizada em um local apropriado e não no local de trabalho. Sua duração pode chegar a 30 minutos. (Maciel, 2005)

Ginástica de Manutenção ou Conservaçãoprograma de continuidade após obtenção do equilíbrio muscular alcançado pelas técnicas corretivas ou terapêuticas citadas. Pode evoluir para um programa de condicionamento físico aeróbico associado a reforço muscular e alongamentos. Nesse caso é necessário que a empresa disponha de sala especial para o treinamento para que o funcionário possa utilizar seus horários de folga com duração de 45 a 90 minutos. (Maciel, 2005)

ERGONOMIA
A ergonomia avalia as condições e os ambientes de trabalho para propor e implementar soluções técnicas, relacionadas a mudanças nos equipamentos e ambientes físicos. (Maciel, 2005)

PROGRAMAS DE EDUCAÇÃO EM SAÚDE
Nos Estados Unidos, são desenvolvidos programas governamentais e comunitários de inventivo a prática de atividade física e recreativa, visando prevenção de doenças degenerativas, hipertensão arterial, diabetes e redução de estresse. Entre estas intervenções, estão ações direcionadas para o ambiente de trabalho. Programas semelhantes são desenvolvidos em outros países, estimulando a mudanças de estilo de vida e aquisição de hábitos mais saudáveis. (Maciel, 2005)
Há estudos que evidenciam que não há diferenças estatisticamente significativas entre as ações educativas pautadas nas orientações gerais sobre a saúde e orientações específicas para prevenção de LERDORT. (Dortch e Trombly, 1990)

REFERÊNCIAS
Schmidt, M.I; Giugliani, E.R.J., 2006. Cap.136. p. 1239-51.
SANTOS, A. C. et al. Impact on the Quality of Life of an Educational Program for the Prevention of Work-Related Musculoskeletal Disorders: a randomized controlled trial. BMC Public Health [S.I.], v. 11, p. 60, 2011.


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